terça-feira, 21 de julho de 2009

ALERTA METEOROLÓGICO ESPECIAL - ATUALIZADO

As condições meteorológicas se deterioram muitos nas últimas seis horas na província de Buenos Aires e no Uruguai com chuva forte a torrencial, temporais isolados e vento que se intensifica. A pressão atmosférica no bairro de Punta Carretas, em Montevidéu, caiu de 1016,8 hPa às três da tarde de ontem para 991,3 hPa no mesmo horário hoje, o que constitui uma queda extraordinária. O ciclone extratropical se forma no final desta terça-feira justamente na foz do Rio da Prata, gerando vento muito forte a intenso com potencial de danos nas costas de Buenos Aires e, sobretudo, do Sul e do Leste uruguaio. Uma frente fria, associada ao ciclone, ingressa neste fim de tarde de terça pelo Oeste do Rio Grande do Sul, onde a pressão às três da tarde caiu para valores críticos e perigosos de tempo severo, na casa de 993 hPa. A frente fria cruzará pelo Rio Grande do Sul na noite de hoje e na madrugada desta quarta-feira, trazendo chuva forte a torrencial de curta duração para muitos locais, granizo isolado e provavelmente vendavais, que podem ser intensos a muito intensos em pontos isolados com potencial de danos. A frente se deslocará muito rapidamente sob o ambiente de pressão atmosférica muito baixa e alcança já nesta quarta-feira Santa Catarina e o Paraná, onde também há o risco de tempo severo. Vento Norte forte a intenso, com rajadas, inclusive, acima de 100 km/h devem preceder a chegada da frente na noite de hoje na Metade Norte gaúcha e no Planalto Sul Catarinense.
Ar quente e vento Norte – A pressão atmosférica cairá muito ainda no final desta terça no Centro e no Norte do Rio Grande do Sul. A atuação de uma corrente de jato em baixos níveis, que já trouxe temperatura mais alta, favorecerá vento do quadrante Norte forte a intenso na Metade Norte do Rio Grande do Sul e nas áreas mais altas de Santa Catarina no restante desta terça-feira e nas primeiras horas de quarta. As rajadas podem ficar entre 110 e 130 km/h em alguns pontos, não se afastando valores maiores, o que pode resultar em danos.
Ciclone extratropical – Um ciclone extratropical se forma durante a tarde desta terça-feira junto à província de Buenos Aires e o Uruguai. O processo de ciclogênese (formação do sistema) é explosivo, constituindo-se em uma verdadeira bomba meteorológica, ou seja, com queda da pressão atmosférica superior a 24 hPa em um período de 24 horas, o que já se verificou. A pressão pode cair para valores perto de 986/987 hPa em ontevidéu. Com isso, a instabilidade seguirá intensa no Centro da Argentina e no Uruguai com chuva forte a torrencial com acumulados localizados muito expressivos e vento com potencial de causar danos estruturais, possivelmente com rajadas superiores a 100 km/h em áreas costeiras e que podem atingir até força de furacão (120 km/h) em algumas áreas da costa. Este ciclone deve ejetar rapidamente em direção à Antártida nesta quarta-feira e no seu deslocamento deve se intensificar ainda mais, transformando-se em um superciclone no Atlântico Sul, semelhante ao que ocorreu na primeira semana de setembro de 2006. A pressão atmosférica do centro da baixa que já estará perto de 985 hPa na costa de Buenos Aires pode cair para valores entre 955 hPa e 960 hPa, uma vez que o ciclone alcançar o Oceano Antártico.
Frente fria e tempo severo – O ciclone começa já a dar origem a um ramo frontal (frente fria) que vai avançar pelo Norte da Argentina e o Sul do Brasil. Ao se deslocar para o Norte, encontrará uma atmosfera quente e com pressão atmosférica muito baixa. Valores de pressão entre 990 e 995 hPa na dianteira da frente vão favorecer o seu avanço muito rápido. Haverá ainda a atuação de uma corrente de jato e o gradiente (diferença) de temperatura entre as massas de ar divididas pela frente será enorme. Com isso, o potencial para tempo severo é enorme, mesmo que os modelos não apontem elevados índices de instabilidade. Na passagem da frente haverá chuva forte de curta duração, granizo isolado e possíveis vendavais que podem ser intensos. A frente afeta a Metade Oeste no restante desta terça e o restante do Estado na madrugada desta quarta-feira.
Frio intenso a extremo – A massa de ar polar que afetará a Argentina e o Uruguai a partir de quarta-feira trará frio extremo nos dois países. Argentinos e uruguaios terão uma das erupções de ar polar mais fortes desta década com potencial de ser histórica. Valores de temperatura em 850 hPa (1.500 metros) entre -7ºC e -9ºC são indicados pelos modelos para a província de Buenos Aires e o Sul do Uruguai, o que é muito raro de se observar. O Centro-Sul da Argentina e o Uruguai devem experimentar mínimas excepcionalmente baixas e máximas também muito baixas, mesmo com sol. Não estão descartadas mínimas em superfície de -6ºC a -8ºC no Uruguai e de até -10ºC na província de Buenos Aires. O ar gelado vai invadir também o Sul do Brasil e com muita força. As menores marcas no nível de 850 hPa são esperadas para a Metade Sul, para onde os modelos indicam de -5ºC a -7ºC, mas no restante da região, mesmo que os valores no nível de 850 hPa não atinjam valores tão extremos como no Sul gaúcho e nos países do Prata, o frio será por demais intenso. A temperatura já começaria a despencar no Sul gaúcho no final da quarta-feira, tomando conta do Estado o ar polar na quinta, quando a sensação térmica seria baixa por efeito do vento com rajadas, particularmente no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul. No final da quinta-feira, antes mesmo da chegada da madrugada, já podem ser registrados valores de temperatura em superfície perto de 0ºC em muitos locais do Estado. Na sexta, o frio aumenta muito e ainda vai ter vento, tornando o dia gelado a qualquer hora. As máximas da sexta-feira devem ser muito baixas, semelhantes as da tarde de 13 de julho de 2000, ficando abaixo de 10ºC em um grande número de municípios, mesmo com sol. Em Porto Alegre, na sexta, pode ficar apenas ao redor de 10ºC. As madrugadas de sexta, sábado e do próximo domingo devem ser congelantes no Rio Grande do Sul com marcas negativas generalizadas e que poderia ser registradas até em Porto Alegre e no Litoral, onde raramente a temperatura cai abaixo de zero. O frio será demais intenso e as autoridades devem redobrar suas atenções com a população de rua porque o risco de hipotermia para a população desabrigada será extremo. Na Grande Porto Alegre, com base nos mais recentes dados, poderiam ser registrados valores entre -1ºC e -3ºC em alguns pontos no fim de semana. Nos bairros mais frio da Capital, a temperatura ficaria entre -1ºC e 1ºC. Marcas de -4ºC a –5ºC, significativas até para a Serra, poderiam ser registradas na fronteira com o Uruguai e na região de Uruguaiana, o que estaria perto de mínimas históricas. Nos Aparados, sobretudo em áreas de baixadas, não podem descartadas marcas de -5ºC a -7ºC, não se descartando valores ainda menores. No Planalto Sul Catarinense, as mínimas podem ficar entre -8ºC e 10ºC nas baixadas. A sensação térmica na segunda metade desta semana tanto nos Aparados como no Planalto Sul de Santa Catarina pode atingir valores de até 25ºC negativos, assim como em 12 e 13 de julho de 2000. O ar gelado traria frio muito intenso ainda para o restante de Santa Catarina, o Paraná e parte do Centro-Oeste, sobretudo no Mato Grosso do Sul.
Geada e neve – Dificilmente, se analisada a história, massas de ar polar tão intensas não trazem neve para o Sul do Brasil. Ocorre que todos os dados seguem indicando que o ar estaria muito seco com a chegada do ar gelado ao Sul do Brasil devido à posição do ciclone, frustrando a ocorrência do fenômeno. Um sistema de onda curta que vai atuar entre quinta e sexta, contudo, não permite afastar uma pequena chance de neve ou gelo (selet) nas áreas próximas da fronteira com o Uruguai, sobretudo entre Livramento e o Chuí. Na Argentina e no Uruguai, o cenário será mais favorável para a neve. A circulação de umidade do ciclone e uma possível baixa secundária devem alcançar a província de Buenos Aires e o Sul do Uruguai. Pode nevar com acumulação na província de Buenos Aires. As áreas mais propensas ao fenômeno seriam as regiões de Tandil, Bahia Blanca e Mar del Plata. Em Mar del Plata, a neve caiu com acumulação na história recente apenas em 1º de agosto de 1991, 10 de julho de 2004 e 9/10 de julho de 2007. Na Sierra de La Ventana, no Sul da província, pode nevar com maior acumulação. Não se pode descartar a precipitação de neve ou gelo na Capital Federal (Buenos Aires) e o conurbano (área metropolitana), mas não se espera uma repetição de 2007. Não se descarta que possa nevar ainda no Uruguai, sobretudo do Centro para o Sul e o Leste do país, inclusive em Montevidéu, com maior chance nos cerros. A última neve expressiva em Montevidéu se deu em 26 de junho de 1980, inclusive com acumulação. Em 1º de agosto de 1991, as serras de Minas no Uruguai ficaram brancas. Já a geada deve ser forte a severa de forma generalizada no Uruguai e no Centro da Argentina. No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, igualmente se espera geada generalizada de intensidade moderada a forte com potencial enorme de ser severa em alguns locais.
Oceano – A atuação do ciclone e o forte swell de Sul deve gerar mar muito agitado especialmente nos litorais da Argentina e do Uruguai, mas as condições do mar devem se deteriorar e muito também na costa gaúcha entre amanhã (quarta) e quinta. Há o risco de ressaca na orla. Nas costas uruguaia e argentina não se descarta que em alguns pontos possa se dar o fenômeno da praia coberta de espuma, tal qual se deu na grande onda de frio de julho de 2000 em Punta del Este.


Fonte: http://www.metsul.com/blog/

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